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Crônica: Um dia que foi daqueles!!!

Escrita em algum dia, talvez do mês de outubro do ano de 2013.

Num dia daqueles, onde tudo resolve dar errado, no mais alto grau de sentidos dessa irremediável palavra, perdi o ônibus. Perdi também o dinheiro, assim como também, perdi o meu par de tênis, fui de chinelo mesmo, assim tive de ir andando até o trabalho. 10 kilômetros, céus, 10 kilômetros!!! Mas que diabos! Por que isso acontece? Será que dormi com o pé virado, acordei de pá virada, adormeci e esqueci de pedir antes que tudo desse certo no dia seguinte? Bem, deve sim haver alguma explicação! Será meu pessimismo exacerbado? Bem, todos são pessimistas, e nem por isso as coisas tem de dar tão errado, como está esse dia hoje para mim. Andando, suando, correndo, chego ao trabalho, dirijo-me ao banheiro, este não tem água, vou à cozinha, água zero nas torneiras, já perco a paciência, não bastasse já ter perdido tantas coisas num dia só. Adentro meu escritório, o ventilador pára de funcionar, só pode ser brincadeira... ôôô Murphy, cê quer dar uma folga por favor, é que tipo, tá enchendo o saco cara. Sento em minha cadeira, já dura de tão gasta, ligo o computador, hahahahaha, sério, é sério isso? Só pode ser brincadeira. Levanto-me, dirijo-me ao salão onde os colegas trabalham e pergunto calmamente:- QUEM FOI QUE PEGOU OS CABOS DO MEU COMPUTADOR, JÁ NÃO BASTASSE O QUE PASSEI HOJE, VOCÊS AINDA ME VEM PREGANDO PEÇAS!!! Diabos (Falo internamente). Todos me olham perplexos (Será que falei muito alto?) Um vem até mim e sussura: olha, cê lembra que ontem você pediu que levassem os cabos do seu computador para ver se estavam com algum problema? Pois é né, não lembra! Bem, eles ligaram hoje e disseram que está sem jeito, você terá que comprar outros, eles disseram que é baratinho, apenas 450,00 reais cada cabo, foram 3 cabos, então o total é de 1350,00 reais, aí eles disseram que com o desconto, sai por 1349,00, olha só, gente boa esses caras, agora, acho que é legal você pedir desculpas né. (Mas que droga de sorriso sarcástico o dessa pessoa!!!) Pedi desculpas, envergonhei-me da situação, e lembrei que teria de voltar pra casa andando, correndo, suando, pedir dinheiro emprestado depois daquela situação, NUNCA! Voltei à minha sala, a janela não quis abrir, praguejo. O suor começa a correr de meu rosto, passa por meu pescoço, tronco, pernas, chega ate o pé, tomei banho de suor, quem dera a situação fosse outra. Saio de meu escritório, dirijo-me a geladeira, que é onde finalmente encontro água, quente, mas é água, deleito-me com aquilo, arrependo-me no mesmo instante, a garganta começa a irritar, esqueci-me que não posso beber água quente, ai ai ai, preciso ir à farmácia, ai ai ai, não tenho dinheiro, cartão de crédito cadê você, droga, não tenho! E agora o que fazer, será que eu tô sonhando que estou tendo pesadelo, pois não é possível que tanta desgraça aconteça num só dia, já sei, vou até o terraço meditar, quem sabe assim consigo trazer um pouquinho de positividade pra mim né. Subo ao terraço, perfeito, um lugar com uma sombra ali no canto da parede, sento-me, cruzo as pernas, faço todo aquele ritual, e pombos vem barulhar perto de mim, levanto a cabeça quase que totalmente, abro apenas um olho, e um pombo me bombardeia, cara, um pombo fez necessidade na minha cara. Limpo-me com um lenço, saio daquele local com uma sensação de que nada vai dar certo pra mim, não nesse dia. Desço as escadas, escuto uma sirene de incêndio. O prédio tá pegando fogo!!! Volto ao terraço. Por que que voltei ao terraço mesmo? Nem lembro. Enfim, voltei ao terraço, mas decidi não ficar lá por muito tempo, e desci as escadas, descendo escorreguei num pouco de água que havia lá, desci 5 lances bolando, como isso foi possivel e como saí vivo, eu nem sei. As pessoas correm enlouquecidamente, ninguém sabe que direção seguir, eu corro pra onde os ratos correm, mas que droga, eles tão indo pro esgoto, sou grande demais e não passo por ali, retorno e a fumaça começa a se dissipar, ouço um grupo rindo e dizendo, isso foi apenas um treinamento, mas que diabos, vocês não aprenderam como se comportar em caso de incêncio? Todos retornam à seus afazeres, envergonhados. E eu sem entender nada, nem procuro saber, afinal o dia já está daquele jeito, qualquer coisa que viesse não me importaria mais. Que povo louco! Volto à minha sala, o ventilador volta a funcionar. Já não era sem tempo! Olho pro relógio, são 17h da tarde, hora de ir embora, pego minha mochila, ponho nas costas e vou. 10 kilômetros, céus, são 10 kilômetros, mas resolvo ir calmamente. Ouço um cão latir, não dou a mínima, olho pra trás e ele começa a correr atrás de mim. Ele me escoltou até minha casa, que gentil. Cheguei em 20 minutos. Levei duas horas pela manhã, mas à noite cheguei em 20 minutos! Minhas pernas tremiam, nem abri o portão pra entrar em casa, tive que pular o muro, como fiz essa façanha eu não sei, e o muro tinha vidros anti-ladrão, que não servem de nada na verdade, já me assaltaram umas 10 vezes, toda vez que chego tem uma planta a menos em meu jardim, mas desconfio seriamente que a ladra seja a minha vizinha, aquela gorda do olhão, vive falando que meu jardim é tão bonito e isso e aquilo, e nunca me deixou ver o jardim dela, um dia averiguo isso. Depois de chegar em casa, o banho, a janta, a série de TV, o livro, a cama, o sono, mas antes de dormir, pedi que tudo desse certo no dia seguinte, se não seria capaz de eu sofrer de uma agorafobia daquelas!!! Dormi tão bem nessa noite, muito bem por sinal. E no dia seguinte tudo correu bem. - Doutor, o que o senhor tem a me dizer sobre tudo isso? Isso me atormenta às vezes, essas coisas que volta e meia dão a dar errado e às vezes acho que não sei lidar com isso. Falei tanto, o senhor aí apenas ouvindo, sei que é seu trabalho, mas fala algo aí vai. - Bem senhor, acabou seu tempo, então na próxima sessão nós conversamos mais, não precisa repetir tudo que o senhor disse hoje, faça apenas um resumo crítico e lhe dou minhas opiniões sobre. São 70 reais, pague na recepção. Nos vemos na sexta que vem. Até logo. Saio da sala dele com uma indignação de doer na alma, mas fazer o que, afinal é seu trabalho, me ouvir enquanto falo incessantemente, culpa minha se falo tanto. Acendo um cigarro, lembro que não fumo, apago o cigarro, mas onde o arranjei? Chove. Vou até a parada de ônibus, dou sinal ao primeiro que passa, afinal todos passam em frente à minha casa. Desço, coloco a mão no bolso para pegar as chaves, não as sinto dentro de meu bolso, mas será o benedito!!!

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Poeta

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