Entrando
numa rua pra tentar entender a vida, levada de modo tão leve e pesada. Um carro
passa, passam caminhões carregados de pesos, passam as pessoas que se empurram
como num jogo de futebol americano, passam as bicicletas correndo, passam as
motocicletas e passam as crianças de mãos dadas às suas mães e seus pais, indo
em direção ao seu local de estudo, que é a escola, que é a rua, que é o sinal,
que não é local nenhum. Elas são bem cuidadas, bem amadas, elas serão grandes
pessoas um dia, elas não têm escolha, elas acordam cedo, elas nem dormem, elas
sentem frio, elas andam descalças, elas nem andam, elas ainda mamam, elas nem
sabem que são gente, e do que elas sabem ninguém mais sabe.
Entrando
em outra rua, a rua tua dos devaneios (estranho nome pra uma rua esse), mas
enfim, andam por elas os pássaros que não sabem voar, andam as formigas sem lar,
andam os cães, os gatos, andam as pessoas e suas crianças de mãos dadas, rumo às
casas que se dizem serem seus lares.
Entrando
em um beco escuro, onde o lixo se espalha, onde as moedas caem displicentemente,
ou até diria, indecentemente, elas andam, as meninas, as mulheres, as crianças,
as pessoas, os carros, a sujeira se espalha, e se espalha a podridão, e ninguém
se compadece das almas, ninguém se lembra, somente se esquece da vida que se
leva.
Entrando
agora em lugar nenhum, percebe-se o mundo.
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