Pular para o conteúdo principal

Histórias...

Um dia levantou-se e foi até o quarto vizinho, lá havia uma grande pintura feita à mão, desenhada na parede, era uma grande floresta, árvores, folhas verdes, amarelas, marrons. Animais de todas as espécies, pessoas espreitando toda essa beleza e seres diferentes de tudo o que ela já vira. Maravilhou-se e voltou a dormir, deitou no chão daquele quarto e sonhou, em seu sonho haviam árvores, folhas, pessoas, seres e ela logo aproximou-se deles e conversaram e sorriram e sentiram-se que eram todos um só. Toc, Toc. Ela acordou, alguém chamava à porta. Quem seria essa hora dia? Ela olhou o relógio e espantou-se, já eram nove horas de alguma noite, desesperada levantou-se, já sabia quem batia à porta, eram seus pesadelos, eles vinham atormentá-la toda santa noite, atormentavam-na com suas trapalhadas, suas bizarrices, suas gargalhadas horrendas e de onde vinham essas criaturas. Toc, Toc. Ela acordou. Quem seria aquela hora da noite? Ela espiou pela janela e viu que era dia, o sol não raiava plenamente, mas ainda assim a cegava por ínfimos segundos, ela levantou-se, foi atender a porta, não sabia quem era, ninguém nunca a visitava durante o dia, quer dizer, havia uma pessoa, ela quase esquecera, ele tinha olhos azuis, cabelos grisalhos, ele causava-lhe nostalgias, parecia-se muito com seu pai, mas... ela nunca conheceu seu pai, como essa nostalgia era possível? Estou ficando louca- disse ela. Ela abriu a porta e ele estava lá de pé, contemplando sua alma e num piscar de olhos, desapareceu. Ela entrou, não se assustava, pois já estava acostumada, mas sempre se perguntava o que havia em sua alma, para que ele chegasse ao ponto de contemplá-la. Era noite, o sonho chegava e mais um dia ela percebia que tinha banhado-se em sonhos, devaneios e ela adorava viver assim, permeada dos inusitados, dos excitados, dos extasiados, dos mal-amados, dos escritores que não sabem aonde chegar com suas palavras desconexas. Ela deleitava-se de sua vida, queria dividi-lá com alguéns, e saia na rua, cantando e proferindo palavras de amor, palavras de horror, palavras repulsivas, palavras erotizantes, emocionantes, devaneantes. Calava a boca dos passantes. Calava a si mesma. Andava e andava.
E de repente, chegou...
E o ciclo desrotinado continua...

Comentários

  1. Impressionei-me com a descrição de tal "devaneio".

    Expressões de contínuos instantes eternos de sonhares. Faz-se sentido o motivo de manter os poros abertos para as marcas e marchas que nos evocam.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ah, esses devaneios. Fazem com que as palavras não se contentem em ficar cá, dentro dessa existência, fogem como loucas a espalhar por aí os sonhos, a evocar deuses que não existem(ou do contrário), para que se tornem completas...

      Excluir
    2. Tais os deleites da vida dela tão gritantemente expremida com conexões variadas que mais a faziam a voar depois que andava, andava...

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Altos e baixos

A casa era cheia de altos e baixos Haviam muros altos Pensamentos baixos Haviam portas altas Coragem baixa Havia Tvs altas, nas alturas Voz baixa Havia camas altas Corpo baixo Os altos daquela casa, gritavam Os baixos, sussurravam Até que os baixos da casa não quiseram mais sussurrar E quando começaram a gritar Teve choro Teve sentimento Teve lamentação e arrependimento Teve cura...

Escritos...

Escreve na pele, para que não esqueças mais tarde de todas as palavras que te vieram a mente, em momento de êxtase ou calma. Tuas palavras vindas de tua alma tem profundidade avassaladora, e tu o sabes, sabes do poder de teu olhar, do poder de teus escritos, sabes que é capaz de fazer apaixonar por ti, aquela a quem queres. Escreve na pele se te falta papel, escreve com sangue, cicatrizes se te falta caneta. Escreve em mim a cada dia teus sentimentos vindos de teu belo ser. Escrevemos na história de nós o que ninguém é capaz de entender...